As etapas de Kinzonzi: N'kuvu ou N'kuwu.
Em toda sociedade onde a língua kikongo é falada, a resolução de todo tipo de problema, desde o falecimento de um ser humano, qualquer gênero de conflito, cerimónia de casamento, etc, é sujeito a kinzonzi.
Kinzonzi é arte de negociar para encontrar solução a qualquel problema. A violência ou a guerra, nunca constituiram opções na resolução de conflitos na sociedade bakongo. Ela sempre privilegiou o diálogo entre as partes em litígio. O kinzonzi pode ser considerado como o diálogo.
Ao longo da sua história, o Reino do Kongo, nunca agrediu qualquer reino visinho que seja, sempre solucionou os seu problemas atravêz da diplomacia. Os seus descedentes, até hoje, comportam-se da mesma maneira que os seus antepassados. O Mukongo é sobretudo pacífico de natureza, mas sábio e ástuto para conseguir chegar a finalidade das suas pretenções. Graças a esta virtude que é kinzonzi.
Quando as condições são reunidas para o kinzonzi, antes do diálogo iniciar, cada parte envolvida no conflito, campa nas suas posições, entrincheirada, prontos para a batalha de palavras, de enigmas, proverbios, metáforas, referências históricas, de luvila (identificação atravêz da origem materna), o que constitui o seu arsenal, para defender as suas posições. O Mpovi ( o porta vôz) de cada grupo, deve ser um homem particularmente eloquênte, que deve dominar o problema que está a defender, intiligente para compreender ou interpretar o sentido de provérbios e também propor outros, até chegar a um acordo, que será respeitado por ambas partes.
Para o kinzonzi evoluir, tem que se respeitar as etapas, a priimeira de todas é N'KUVU OU N'KUWU, dependendo do sotaque de uma região à outra.
No Kinzonzi, o N'kuvu é muito importante. Se o N'kuvu representa a parte inicial do diálogo, ele pode ser utilizado ao longo da negociação em causa e na conclusão da mesma.
Se geralmente o N'Kuvu constituir a messagem de bem-vindas. Neste caso, o objectivo do N'kuvu é de saber o estado pscólogico da parte adversa, que pode ser a tristeza, mau homor, o desagrado, alegria, etc. Pode também constituir uma declaração da guerra (é raro)!
Nkuvu prapara o terreno para a conversa, no entanto, não se pode progredir no Kinzonzi sem esta virtude.
Nkuvu é uma descrição obscura ou ambígua, mas verdadeira, difícil a compreender, proposto em provérbio que oculta a verdadeira mensagem. Deves ser um iniciado para compreender o sentido e responder também em enígmas. Se a mensagem corresponder com o desejo da parte adversa, então cria-se as condições para a continuidade do Kinzonzi.
Uma ilustração, eis aqui um N'kuvu:
E ntete a ndianga, ka wukalanga ye zitu ko. Vo zitu, tadi dinanga muna kati!
Pode interpretar-se em português, de seguinte maneira:
A palha é leve. Se for pesado, há uma pedra no interior dela.
Estámos aqui perante a um enigma, que deve ser interpretada de seguinte maneira:
O díalogo é possivel ( a palha é leve), mas se houver impossibilidades, é porque há um facto estranho ou desconhecido ( uma pedra no interior).
Este tipo de Nkuvu constitui ao mesmo tempo, uma messagem de boas vindas.
Desde os tempos remotos, como já o referimos, no antigo Reino do Kongo, o N'Kuvu jogou o papel muito importante para encontrar solução em todos tipo de problema. Ao ponto que, no seu apogeu, primeiro rei cristianizado, nomeado depois do batismo em Dom João I, (Ndozuawu), Chamava-se Nzinga alcunhado de N´kuvu. Suponha-se que, na sua condição de Rei, era périto em Kinzonzi, talvêz o inventor de N'Kuvu. Donde o seu apelido Nzinga N'kuvu! (na ilustração)
Sebastião Kupessa